quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Prémios Coiratos e Morangueiro 2008

Nesta época de final de ano, diversos órgãos de comunicação social, instituições e outras entidades do mundo inteiro desdobram-se na procura das personalidades e dos factos que mais se destacaram ao longo do ano.
Uma pesquisa rápida e duas conclusões: a nível mundial, é quase unânime a escolha de Barack Obama, na área política, do tricampeão olímpico jamaicano Usain Bolton, no desporto, e a crise dos mercados financeiros como acontecimento do ano.
E em Portugal? Aparte a designação, justa, do campeão olímpico do triplo-salto Nélson Évora, o ano de 2008 parece (não) ficar na História por falta de personagens que se tivessem evidenciado, e em muitas áreas da sociedade, e de acontecimentos marcantes, para o bem e para o mal.
Neste deserto, deixo, contudo, duas sugestões: Manoel de Oliveira, pelos seus 100 anos e ainda ao serviço do cinema português, e Carlos Teixeira, presidente da Câmara de Loures, que não se deixou levar pelo politicamente correcto de apoiar chantagens de pretensas minorias étnicas nos lamentáveis episódios dos distúrbios da Quinta da Fonte.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Memórias do Vinil III - Feliz Natal 2008

Na procura de músicas de Natal no meu baú dos discos de vinil, nada encontrei, com muita pena! Restou-me a alternativa de sugerir um tema que transmitisse um espírito de alegria, felicidade e simplicidade adequado à época.
E a escolha recaíu no clássico "Make Someone Happy", na voz rouca do rei da rádio Jimmy Durante, que fez mais tarde, em 1993, parte da banda sonora da comédia romântica "Sleepless in Seattle" com Tom Hanks e Meg Ryan, por sinal tocada durante uma cena em Nova Iorque.
O video faz-nos lembra o glamour de Hollywood e dos anos 50, talvez a década de maior felicidade do século passado.

"Make Someone Happy" é o meu desejo e a minha mensagem de Natal para todos. Feliz Natal!



Memórias do Vinil II

Jim Morrison e os "The Doors": um tributo necessário ao músico-poeta abruptamente desaparecido e a uma banda que marcaram a história da música dos anos 60 e 70, com esta recordação do obrigatório "An American Prayer".
Como o tempo voa, não deixa de ser curioso o facto de os jovens contestatários de Woodstock que aparecem nas imagens serem hoje, provavelmente, respeitosos senhores e senhoras à beira da terceira idade. Caso para perguntar se haverá maior acomodação hoje em dia ou se não haverá nada mais para contestar.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Oh não! Outra vez o Santana Lopes...

Para quem não se lembra, na série os "Malucos do Circo", dos Monty Python, aparecia por vezes um sketch surrealista que consistia na intromissão, quando menos seria de esperar, de uma árvore (The Larch - em português alerce, lariço ou larice, conífera existente sobretudo nos Alpes) na cena que se desenrolava. Quando esta aparecia, ouvia-se geralmente uma expressão de descontentamento (Oh no! The Larch again!).
Assim me parece Santana Lopes na cena política - e não só - se bem que o homem lá tinha avisado que "iria andar por aí".
Custa-me a crer que um perdedor como esta personagem é (lembremo-nos da sua passagem pela Câmara de Lisboa, pelo Governo ou pelo Sporting) volte à ribalta política, escolhido pelos seus pares do PSD como candidato à Câmara da capital. Confesso até que me fartei já de o ouvir sempre a falar na primeira pessoa e arvorando-se, tal qual um alerce, em legítimo herdeiro do PPD/PSD.

A este propósito, não resisto a transcrever um artigo do Expresso da autoria de Nicolau Santos, sob o título "Dra Manuela, estou muito decepcionado":

Tenho o privilégio de conhecer Manuela Ferreira Leite, enquanto pessoa que tem ocupado diversos cargos públicos, há 20 anos.
Sei da sua integridade, da sua honestidade, da sua competência, mas sei também do apoio discretissimo que dá a diversas famílias pobres, da vida simples e sem ostentação que leva, e do seu muito peculiar sentido de humor, que os que a vêem apenas nos telejornais desconhecem.
Tive o privilégio de ter aceite o meu convite para ser colunista do Público quando ali fui director. E tenho o privilégio de ter aceite o convite do Expresso para escrever no Caderno de Economia, onde é colunista.
A sua candidatura a líder do PSD significou para muita gente uma ruptura com um passado recente em que o partido se entregava cada vez mais nas mãos de gente com quem poucas pessoas apreciariam jantar.
É pois, com enorme estupefacção, que a vejo a patrocinar uma nova candidatura de Pedro Santana Lopes à Câmara de Lisboa.
Foi contra o que Santana Lopes representava que Manuela Ferreira Leite se candidatou a presidente do PSD. Foi por isso que deixou a dúvida sobre em quem tinha votado nas eleições de 2005. E foi contra tudo o que Santana representa que foi eleita presidente dos sociais-democratas.
Santana deixou a Câmara de Lisboa à beira da ruptura financeira. Rasgou o contrato com um conjunto de arquitectos, entre os quais Norman Foster e Renzo Piano, para melhorar arquitectonicamente a cidade de Lisboa só porque não tinha sido ele a fazê-lo mas o seu antecessor. E contratou Frank Gehry, ficando tudo até hoje em águas de bacalhau - e Lisboa mais pobre e feia.
Vê-la agora a patrocinar esta candidatura deixa-me decepcionado. E triste. Não só pelo PSD que a democracia portuguesa exige. Mas também por si, dra. Manuela. Embora tenha a certeza que tomou contra-vontade esta decisão. O aparelho partidário impôs a sua lei. E isso é preocupante. E o sinal de que a senhora se vai fartar rapidamente do cargo que ocupa.

Pois é Dra Manuela, também eu fiquei muito decepcionado, e de que maneira.


Memórias de viagens I - Berlim

Berlim, a cidade dividida até 1989, apresenta-se hoje com um pulsar muito vivo e já quase refeita das inúmeras obras de reconstrução.
Para quem vai, como eu fui, pela primeira vez à nova capital da República Federal Alemã (contrariamente ao que muitos pensam, a designação mantém-se), ressalta logo o facto do centro histórico da cidade se situar na área anteriormente pertencente a Berlim-Leste, o que faz imaginar que a antiga parte ocidental teria poucos motivos de interesse.
Berlim, certamente, não tem a primazia em muitos capítulos relativamente a outras cidades europeias como Paris, Londres ou Viena, mas tem um pouco de tudo e impressiona pelo seu ritmo, pela sua história, oferta cultural e pela arquitectura, antiga e recente. Neste último caso, algumas das novas embaixadas, o Parlamento ou o Museu Judaico, entre outras, são obras de referência dos maiores nomes do panorama mundial.
Impressiona também a memória que os alemães retêm da sua história, quer nas referências ao Muro quer a que se pode ver no Museu de História e noutros locais, sem traumas e recordando vencedores e vencidos.
Algo que surpreende ainda, talvez por ser uma cidade cosmopolita e com uma história muito própria, é o facto dos berlinenses serem mais prestáveis e simpáticos que os restantes alemães, talvez se excluirmos os bávaros.
Um charme os autocarros de dois andares (que pena terem desaparecidos de Lisboa), os espaços verdes, as iluminações e feiras de Natal e os muitos cafés.
E foi numa paragem num deste célebres cafés, para recuperar um pouco do frio e ganhar forças para a continuação da caminhada, que reparei que na Alemanha, como acontece também noutros países do centro da Europa, os açucareiros são descobertos e circulam de mesa em mesa sem sabermos quantas colheres mergulharam nos mesmos!
Lembrei-me logo dos galheteiros em Portugal de antigamente que, por força das normas sanitárias europeias, foram substituídos por embalagens invioláveis e se tornaram alvo da omnipresente ASAE. E então estes açucareiros? Não são bem piores em termos de higiene? Não há por lá uma ASAE? As regras variam consoante os países? Ficam as dúvidas.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Os suiços mais puros vivem nos Estados Unidos?

Ao folhear recentemente uma revista de uma companhia de aviação, dei conta de que os suiços mais puros poderão ser... norte-americanos.
Passo a explicar: da eclosão da reforma protestante que atingiu a Europa durante o séc. XVI nasceram várias seitas ou grupos religiosos. Na Suiça, particularmente no seio da comunidade germanófila, surgiu um movimento - Anabaptista - que significa, literalmente, "rebaptizar" - o qual incluiu os radicais Amish, um pequeno grupo dissidente, em 1693, dos Menonitas, e que deve o seu nome a Jacob Amman.

Na sequência de diversas perseguições, muitos dos Amish emigraram para os Estados Unidos, deixando o grupo praticamente sem seguidores na Europa. Beneficiando da liberdade religiosa no novo país, instalaram-se, principalmente na Pensilvânia, um novo estado fundado segundo os ideais de William Penn.
Seguidores muito rígidos das suas crenças e baseando o seu modo de vida no Ordnung - espécie de código de conduta muito exigente e despojado, rapidamente criaram um mundo aparte, evitando ao máximo quaisquer contactos com o exterior.
Ainda hoje mantêm esse modo de vida, mesmo que com algumas adaptações, como retemos das imagens do filme "A Testemunha", filme de 1985, com Harrison Ford e Kelly McGillis, embora com a devida distância que a ficção permite.
Apesar da liberdade de escolha permitida aos jovens Amish durante um período de decisão durante a adolescência - Rummaspring - onde podem experimentar o "mundo exterior", a maioria, provavelmente também por inadaptação, não se desliga da comunidade e regressa às origens para sempre, casando e mantendo descendência no seu seio.
Não sendo evangelistas, não procuram catequizar os "não-crentes"; daí, não existem interferências de outras raças desde a fundação da seita na Suiça.

Unter den Linden

Poucos lugares no mundo podem orgulhar-se de terem assistido a tantos momentos históricos ou de terem visto desfilar tantas personagens ilustres como a avenida berlinense "Unter den Linden".

A "Unter den Linden" começa nas Portas de Brandenburgo, ou mais precisamente na Pariser Platz, e está situada na parte mais interessante de Berlim, precisamente aquela que esteve sob domínio da então Alemanha Oriental, até à queda do Muro, em 1989.

A origem da artéria deve-se ao Grande Eleitor de Bradenburgo-Prússia Frederico Guilherme: em meados do séc. XVII, mandou construir uma alameda entre o seu castelo e o terreno de caça de Tiergarten, ladeada de árvores para proporcionar uma deslocação agradável aos viajantes - daí o seu nome, literalmente, "sob os limoeiros". Cerca de um século depois, Frederico II expandiu a avenida e adicionou-lhe um conjunto de obras arquitectónicas como a Ópera de Berlim e a Biblioteca Nacional, tornando a "Unter den Linden" ainda mais larga e popular.

A avenida foi ainda palco da entrada triunfal de Napoleão em Berlim, em Outubro de 1806, e de muitos outros momentos de relevo da História Universal, durante os séculos XVIII e XIX, até ser praticamente destruída por ocasião da II Guerra Mundial.

Reconstruída, a "Unter den Liden" passou uns anos mais tarde a deixar de estar acessível ao mundo ocidental com a construção do "Muro de Berlim", em 1961, que passava umas dezenas de metros atrás das Portas de Bradenburgo, e a ser ladeada por edifícios monumentais muito ao gosto estalinista, como a embaixada soviética e diversos ministérios da extinta República Democrática Alemã.

Contudo, o que mais me impressionou nesta avenida foi a Universidade Humboldt de Berlim: fundada em 1810, pelo reformista e linguista Wilhem von Humboldt, cujo modelo influenciou diversas universidades europeias, foi, a partir de 1828, conhecida também como "Friedrich-Wilhelms-Universität" e "Universität unter den Linden". Em 1949, recebeu a designação de "Humboldt-Universität", em honra do fundador e do seu irmão, o conhecido naturalista Alexander von Humboldt.

A Universidade teve como figuras ilustres nomes como Hegel, Schopenhauer, Schelling, Walter Benjamin, Einstein, Max Planck, Karl Marx, Engels, Otto von Bismarck ou Robert Schuman. Desta instituição sairam 29 prémios Nobel! Como Hertz ou Koch. Impressionante.

O modelo da Universidade serviu como inspiração para a também prestigiada John Hopkins, nos Estados Unidos. Pena que não sirva para o nosso país.