Algo de muito característico no panorama dos media nacionais é a presença (julgo que muito bem paga) de comentadores generalistas. Ora esta espécie não se coíbe de ter opinião sobre tudo o que lhes é perguntado: fale-se de futebol, e os nossos comentadores lá darão a sua douta opinião sobre as vantagens do sistema 4-3-3, mesmo que nunca tenham calçado umas chuteiras na vida; fale-se de gastronomia, e as mesmas personagens lá discursarão com absoluta convicção sobre o ponto ideal da fritura da alheira de Mirandela, mesmo que nunca tenham estrelado um ovo. Assim desta forma, como se fôssemos uns tolinhos a quem tudo, mesmo as coisas mais prosaicas, tem que ser explicado cristalinamente numa espécie de fast food da informação moderna.Ora quando a tudo isto esses comentadores juntam presunção e água benta e se querem passar por exemplos de honestidade intelectual e de grandes defensores da causa pública, aí confesso que a coisa pia mais fino e me irrita.
Vem isto a propósito de uns artigos de opinião de José Miguel Júdice, em Novembro, no Público sobre algumas movimentações de militares a propósito de questões socio-profissionais. Rezava, do alto da sua desconhecida cátedra em assuntos de Defesa e de Relações Internacionais, que a Portugal bastava uma pequena Marinha e uma tropa de élite, sendo dispensáveis o Exército e a Força Aérea! As razões não as sabemos, porque não as explicou, atabalhoado ainda em números de gastos na Defesa relativamente ao PIB que eram manifestamente falsos.
Bom seria que o tal de Júdice falasse apenas daquilo que sabe. Não resisto, por isso, a transcrever uma parte de um texto de um blogue de Santana Maia: "As crónicas de José Júdice são uma barrigada de rir
Hoje é praticamente impossível uma pessoa ler um artigo de José Júdice, o novo ideólogo de esquerda pós-socialista, sem se deixar rir.
Segundo José Júdice, «a esquerda europeia está a tornar-se o partido natural de Governo». E por que razão isto sucede? (Não sucede, obviamente. Basta ter em conta que o Parlamento Europeu é dominado pelo PPE e que os dois países líderes da Europa, Alemanha e França, são governados pela direita. Mas faça-se de conta que sucede.) Porque os homens de esquerda «já não se consideram socialistas, acreditam na economia de mercado, são conservadores em matéria de costumes, abominam as nacionalizações e não prometem no futuro a sociedade sem classes, cultivam os ricos, apoiam o investimento dos grupos económicos, defendem valores patrióticos, são duros em matéria de segurança, investem nas forças armadas»."
Hoje é praticamente impossível uma pessoa ler um artigo de José Júdice, o novo ideólogo de esquerda pós-socialista, sem se deixar rir.
Segundo José Júdice, «a esquerda europeia está a tornar-se o partido natural de Governo». E por que razão isto sucede? (Não sucede, obviamente. Basta ter em conta que o Parlamento Europeu é dominado pelo PPE e que os dois países líderes da Europa, Alemanha e França, são governados pela direita. Mas faça-se de conta que sucede.) Porque os homens de esquerda «já não se consideram socialistas, acreditam na economia de mercado, são conservadores em matéria de costumes, abominam as nacionalizações e não prometem no futuro a sociedade sem classes, cultivam os ricos, apoiam o investimento dos grupos económicos, defendem valores patrióticos, são duros em matéria de segurança, investem nas forças armadas»."
Como? Li bem? Investimentos nas Forças Armadas? Em que ficamos Sr. Júdice? Melhor seria que o nosso comentador generalista, viajante político entre o MDLP, CDS, PSD e PS, mandatário tanto de Maria José Nogueira Pinto como de António Costa, célebre defensor tanto da fusão CDS-PSD como da fusão PSD-PS e inimigo assumido e mal-criado tanto do actual como do anterior bastonários da Ordem dos Advogados, nos explicasse:
- Como conseguiu abrir um restaurante em Lisboa sem licença, pagando apenas 500 euros de renda mensal e com água de borla do município?
- Porque queria que o Estado consultasse sempre os três maiores escritórios de advogados?
- O que fez de positivo na Ordem dos Advogados?
- Porque foi advogado, contra o Estado Português, de um dos concorrentes ao concurso dos submarinos?
- E o caso do fornecimento de fardamento à Polónia, onde cobrou honorários pela simples consulta do Código de Justiça Militar quanto à possibilidade de o arguido ter mandatário?
- Se já pagou à Segurança Social aquilo que, segundo uma funcionária alegadamente despedida sem justa causa do seu escritório, deve?
- Como foi aquela história do entra-não-entra na Sociedade da Frente Ribeirinha de Lisboa?
Melhor ficaríamos se nos esclarecesse sobre estes assuntos.
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